Parnamirim, uma pequena cidade no final da ditadura militar, mais parecida com uma vila e com poucos habitantes e eleitores.
É natural em cidades pequenas, a paixão com que os candidatos e eleitores se escolhem mutuamente. Os cabos eleitorais com suas atitudes, nem sempre cortês, em relação a seus adversários e a separação política como: esse é eleitor de fulano, ou esse é bacurau ou arara, conforme o lado que cada um escolhia.
No entanto, a cidade mudou. Tem hoje, segundo o IBGE(2003), mais de 143 mil habitantes. Deixando de ser pequena, e tornando-se uma das que mais crescem no estado.
O atual prefeito, bem como os seus antecessores, sempre tem enaltecido que o crescimento, desenvolvimento, progresso, dinamismo, modernidade, etc. são marcas registradas de Parnamirim.
Era de se esperar que a paixonite aguda diminuísse ou pelo menos ficasse moderada. Alguns candidatos e seus cabos eleitorais não vem se preocupando em mostrar que suas idéias e propostas são melhores que as dos adversários e por essa razão devem ser eles os escolhidos para ocupar os cargos que serão disputados nas próximas eleições.
No entanto tenho lido, para meu espanto, frases do assim: “Quem trair Agnelo, trai Parnamirim”, “Parnamirim não precisa de Judas” e outras mais. E pergunto-me: será que a escolha de meu candidato através do voto livre e direto, usando todo o poder que a democracia brasileira me permite vai ser resumida ao fato de que eu vou trair alguém ou não? E meu direito de livre escolha? Será que eu não tenho o direito de escolher quem eu ache melhor para administrar (prefeito) e fiscalizar (vereadores) a cidade que escolhi para viver?
Lembrei então de uma frase usada no auge da ditadura militar: “Brasil, ame-o ou deixe-o!”. Será que o eleitor que não concorda com a atual administração e escolher outro candidato, sendo julgado por seu voto é considerado traidor e será convidado a deixar Parnamirim?
Será que não podemos escolher ou decidir mudar?
Afinal, estamos em uma democracia ou não?
Faixa fixada no cruzamento da BR-101 com a Av. Prof. Clementino Câmara